quinta-feira, 25 de março de 2010

Em dia de Anunciação do Senhor e pensando em Nossa Senhora, aquela bela e pura jovem de Belém e ao mesmo tempo, em tempo de Paixão, cerca de 3 dezenas de anos depois, naquele mistério junto à Cruz, o Stabat Mater:

Stabat mater dolorosa
iuxta Crucem lacrimosa,
dum pendebat Filius.

Cuius animam gementem,

contristatam et dolentem,
pertransivit gladius.

O quam tristis et afflicta

fuit illa benedicta
Mater Unigeniti.

Quae maerebat et dolebat,
Pia Mater cum videbat
Nati poenas incliti.

Quis est homo qui non fleret,

Matrem Christi si videret
in tanto supplicio?

Quis non posset contristari,

Christi Matrem contemplari
dolentem cum Filio?

Pro peccatis suae gentis

vidit Iesum in tormentis
et flagellis subditum.

Vidit suum dulcem natum

moriendo desolatum,
dum emisit spiritum.

Eia Mater, fons amoris,

me sentire vim doloris
fac, ut tecum lugeam.

Fac ut ardeat cor meum

in amando Christum Deum,
ut sibi complaceam.

Sancta mater, istud agas,

crucifixi fige plagas
cordi meo valide.

Tui nati vulnerati,

tam dignati pro me pati,
poenas mecum divide.

Fac me tecum pie flere,

crucifixo condolere,
donec ego vixero.

Iuxta crucem tecum stare,

et me tibi sociare
in planctu desidero.

Virgo virginum praeclara,

mihi iam non sis amara:
fac me tecum plangere.

Fac ut portem Christi mortem,

passionis fac consortem,
et plagas recolere.

Fac me plagis vulnerari,

fac me cruce inebriari,
et cruore Filii.

Flammis ne urar succensus

per te Virgo, sim defensus
in die judicii

Christe, cum sit hinc exire,

da per matrem me venire
ad palmam victoriae.

Quando corpus morietur,

fac ut animae donetur
Paradisi gloria.

E já agora: O Regina Coeli de Lisboa vai interpretar o Stabat Mater de Antonin Dvorak Sábado 27/03/2010 às 21h30m na Igreja do Carmo em Aveiro e Sábado 03/04/2010 às 18h no Santuário do Senhor Jesus da Pedra em Óbidos. Todos são convidados.

Na língua de Camões e de Fernando Pessoa:

Estava em pé a Mãe dorida,
chorando junto à cruz,
enquanto o Filho pendia.

Cuja alma gemendo,
entristecida e doendo,
um gládio atravessou.

Oh! Quão triste e afligida
foi aquela bendita,
a Mãe do Unigénito!

A qual se enlutava e sofria,
e tremia enquanto via
as penas do Glorioso dela nascido.

Qual é o homem que não choraria,
se visse a mãe do Cristo
em tamanho suplício?

Quem não se entristeceria
ao contemplar a piedosa mãe,
sofrendo com o Filho?

Pelos pecados da sua gente,
ela viu Jesus em tormentos,
do flagelo sendo súbdito.

Viu o seu doce bebé
morrendo desolado,
e entregando o espírito.

Ó Mãe, fonte do amor,
faz-me sentir a força da dor,
para contigo me enlutar.

Faz que o meu coração arda
de amor por Cristo Deus,
para Lhe agradar.

Santa Mãe, para que faças isso,
fixa as chagas do Cruxifixo
no meu coração, com força.

Do teu Filho ferido,
que por mim se dignou padecer,
as penas divide, comigo.

Faz-me chorar contigo, piedosamente,
e condoer-me do Cruxifixo,
enquanto eu fôr vivo.

Desejo estar contigo, junto à Cruz,
e com gosto me associo
ao teu pranto.

Ó Virgem das virgens, ilustríssima,
agora não me sejas amarga,
deixa-me chorar contigo.

Faz que eu carregue a morte de Cristo,
faz-me consorte da Paixão,
e que eu de novo cultive as Chagas.

Faz-me ferido de Chagas,
que nesta Cruz eu me embriague
com o amor do teu Filho.

Abrasado e ardendo,
por ti, Virgem, seja eu defendido
no dia do Juízo.

Faz-me ser guardado pela Cruz,
pela morte de Cristo fortalecido,
e pela graça confortado.

Quando o corpo morrer,
faz que à alma seja dada
a glória do Paraíso para todo o sempre.
Ámen

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