domingo, 31 de outubro de 2010

Ainda o 1 de Novembro: «São os que vieram da grande tribulação, os que lavaram as túnicas e as branquearam no sangue do Cordeiro".

A extraordinária Primeira Leitura que todos os anos ouvimos 2 vezes no Ano: No Dia de Todos os Santos e na Quinta Feira Santa, sobre a qual já se fizeram pinturas, algumas delas de verdadeira clarividência:

Eu, João, vi um Anjo que subia do Nascente, trazendo o selo do Deus vivo.
Ele clamou em alta voz aos quatro Anjos a quem foi dado o poder de causar dano à terra e ao mar: «Não causeis dano à terra, nem ao mar, nem às árvores, até que tenhamos marcado na fronte os servos do nosso Deus».
E ouvi o número dos que foram marcados: cento e quarenta e quatro mil, de todas as tribos dos filhos de Israel. Depois disto, vi uma multidão imensa, que ninguém podia contar, de todas as nações, tribos, povos e línguas.
Estavam de pé, diante do trono e na presença do Cordeiro, vestidos com túnicas brancas e de palmas na mão.
E clamavam em alta voz: «A salvação ao nosso Deus, que está sentado no trono, e ao Cordeiro».
Todos os Anjos formavam círculo em volta do trono, dos Anciãos e dos quatro Seres Vivos.
Prostraram-se diante do trono, de rosto por terra, e adoraram a Deus, dizendo:
«Amen! A bênção e a glória, a sabedoria e a acção de graças, a honra, o poder e a força ao nosso Deus, pelos séculos dos séculos. Amen!».
Um dos Anciãos tomou a palavra e disse-me:
«Esses que estão vestidos de túnicas brancas,quem são e de onde vieram?».
Eu respondi-lhe:
«Meu Senhor, vós é que o sabeis».
Ele disse-me:
«São os que vieram da grande tribulação, os que lavaram as túnicas e as branquearam no sangue do Cordeiro».

E o Refrão do Salmo, que cantamos com o coração:
Esta é a geração dos que procuram o Senhor!
Hoje é Dia de Todos os Santos, Dia Santo e de preceito de Guarda.

No Vespers during the whole year makes so deep an impression upon me as Vespers of All Saints. Artistic reliquaries decorate the altar; in the relics the saints themselves are present, and Christ their leader is the altar. The latter is adorned in feast-day robes, golden antependium, glistening snow-white linens. Upon six golden candlesticks burn six huge candles. Behind them resplendent is the Lamb of the Apocalypse. Upon the throne as representative of the eternal Father sits the abbot in a golden-threaded cope. About him are the "seniors" of the monastery in white robes, while below four chanters, clothed in flowing pluvials, lead the monastic choir in the heavenly melodies. Out in the nave stand or sit the 'multitude of faithful which no man can number, from all peoples.' And throughout the edifice resound the jubilantly sonorous harmonies from the organ. It is an hour in heaven." (from a description by Fr. Kutzer of Mindelzell).

All Hallow's Eve

Sou pessoalmente afectado por este dia. É o meu dia de anos e dou graças a Deus Nosso Senhor Jesus Cristo por mais um aniversário!

Mas é também um facto que nos últimos anos temos assistido à invasão publicitária duma festa pagã que se pretende realizar no mesmo dia, com um especial enfoque nas máscaras das crianças, com aspectos das verdadeiras trevas.

Neste dia de Vigília de Todos os Santos e também de São Quintino e de Santo Afonso Rodrigues, saibamos ensinar às nossas crianças, como os bispos do Reino Unido deixaram em apelo este ano, para que as crianças se disfarcem de santos, que celebrem a Luz, a Luz de Nosso Senhor Jesus Cristo, a Luz presente nos seus Anjos e nos seus Santos, que tão bem celebraremos amanhã.

Petrus

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Solenidade da Dedicação da Sé Patriarcal

Já há alguns anos que não consigo estar presente no 25 de Outubro, dia da Dedicação da Igreja Mãe de Todas as Igrejas do Patriarcado de Lisboa, a última vez que lá estive ainda era outro o Presidente da CML, que também esteve presente.

Não deixa de ser interessante que Sua Eminência reflicta dizendo que "não há catedral sem Bispo nem Bispo sem Catedral", quando todos sabemos da existência dos Srs. Bispos Auxiliares, não estando naturalmente em causa as pessoas, porque todos sabemos da existência de verdadeiros santos e verdadeiros sucessores dos Apóstolos que são alguns Bispos auxiliares portugueses.

Continuemos orando pelo Patriarcado e por Sua Eminência, assim como pela Sé Catedral Patriarcal e pelo Povo de Deus, que seja farol de fé, esperança e caridade, em Nosso Senhor Jesus Cristo.

Homilia de D. José Policarpo na Solenidade da Dedicação da Sé Patriarcal

A Catedral e a visibilidade da Igreja

1. Na nova evangelização, é tão importante a visibilidade da Igreja como a força do seu mistério. É a sua realidade visível, na sua estrutura, na expressão comunitária, na presença dos cristãos no seio da comunidade humana, que comunicam e anunciam o amor salvífico de Jesus Cristo. Se a realidade visível da Igreja não transmitir a força invisível do Espírito de Cristo, torna-se estéril, equivalente a qualquer associação humana. Mas a realidade visível da Igreja é o caminho normal para comunicar e transmitir o invisível de Deus. A Igreja continua no tempo, a seu modo, o mistério do Verbo encarnado, em que o Verbo divino se exprime e actua na visibilidade da humanidade de Cristo (cf. Lumen Gentium, nº 8).

Esta harmonia do visível e do invisível, da realidade humana e da acção da graça, é o segredo da nova evangelização. Porque está no mundo, com a densidade das realidades históricas, a Igreja comunica o dinamismo do Reino dos Céus. Esta visibilidade da Igreja exprime-se na sua estrutura organizativa, na densidade da sua liturgia, no amor dos pobres, na presença dos cristãos no seio das diversas realidades humanas, onde semeiam a semente do Reino de Deus e são presença do amor-caridade, isto é, do amor com que Deus continua a amar o mundo, em Jesus Cristo.

2. A Catedral é expressão importante da visibilidade da Igreja e, por isso, é chamada a ser foco irradiante da graça de Jesus Cristo. Esta visibilidade da Catedral é mais do que a imponência do monumento. Igreja-Mãe de uma diocese, porção do Povo de Deus confiada aos cuidados pastorais de um Bispo, congregada pelo Evangelho, fortalecida na Eucaristia, reunida na comunhão da caridade, enviada ao mundo a anunciar, essa Igreja particular pode perceber, na sua Catedral, o segredo do seu ser e da sua missão. A visibilidade da Catedral é a visibilidade do ministério apostólico: a densidade da Palavra, sempre anunciada de novo para iluminar o presente, o dinamismo das comunidades cristãs que, reconhecendo no Bispo o seu pastor, sacramento de Cristo Bom-Pastor, aprendem a celebrar a Páscoa, descobrindo na Eucaristia a surpresa da redenção, a exigência da caridade, a urgência de partir em missão, tornando-se cada um, no meio do mundo, presença visível do invisível de Deus. Na Catedral pode ler-se toda a realidade da Igreja, a sua humanidade e a fecundidade invisível da acção do Espírito Santo.

3. Na Catedral a realidade invisível transcende a sua visibilidade. Já era esse o mistério do Templo de Jerusalém, tão bem expresso na oração do Rei Salomão. O templo visível suscita a fé e a esperança, toda a densidade da Aliança: “Os vossos olhos estejam abertos, dia e noite, sobre esta casa, sobre este lugar, do qual dissestes, aí estará o Meu nome” (1Re 8,29). O templo é, assim, a expressão visível da fé de Israel: Deus ama o seu povo e habita no meio dele.

4. No cristianismo, a verdadeira dimensão da Catedral é a Igreja, Povo dos que caminham com Cristo para a Jerusalém Celeste. Só a Igreja é, hoje, o verdadeiro templo, onde Deus habita no meio do seu Povo. A Catedral é o símbolo e o anúncio desse verdadeiro templo do Senhor, cuja solidez está alicerçada em Cristo, a pedra angular. E Pedro é claro na sua Carta: “Aproximai-vos do Senhor, que é a pedra viva, rejeitada pelos homens, mas escolhida e preciosa aos olhos de Deus” (1Pet. 2,4). Deus tinha-o anunciado através dos profetas: “Vou pôr em Sião uma pedra angular, escolhida e preciosa, e quem nela puser a sua confiança, não será confundido” (1Pet. 2,6).

A Catedral, na sua visibilidade, anuncia a solidez e a firmeza da Igreja. Nela descobrimos que estamos seguros nas nossas lutas, sólidos no nosso caminho de santidade, protegidos nas nossas fraquezas e tentações, porque nós fazemos parte da Catedral. “E vós mesmos, como pedras vivas, entrai na construção deste templo espiritual” (1Pet. 2,5). Alicerçada em Cristo, a santidade dos cristãos garante a solidez da Igreja, visível e humana, na fidelidade à sua vocação e missão.
Este templo espiritual abraça o mundo. A solidez desta Catedral são os doze Apóstolos do Cordeiro. Não há Catedral sem Bispo, nem Bispo sem Catedral. É assim na sua visibilidade histórica, será assim na Jerusalém Celeste. Como diz o Apocalipse, “a muralha da Cidade tinha na base doze reforços salientes e neles doze nomes: os dos doze Apóstolos do Cordeiro” (Apc. 21,14).
O problema da Samaritana era saber qual era o verdadeiro templo: o de Jerusalém ou o da Samaria? Jesus abre-lhe o coração para o novo Templo, Ele e a sua Igreja, construído com pedras que são Cristo, os doze Apóstolos, e todos os discípulos de Cristo. Nesse novo templo, Deus adora-Se em espírito e verdade (Jo. 4,23).

A Catedral só tem razão de ser, se for o templo visível onde cabe o templo invisível, que é toda a Igreja diocesana. Nela descobrimos a Igreja, nossa Mãe; solidificamos a firmeza da nossa fé; alargamos o horizonte da nossa comunhão; descobrimos a unidade como a cúpula da catedral; somos enviados com novo ardor, para testemunhar no meio do mundo, de uma maneira sempre nova, o amor de Jesus Cristo. Descobrimos que sempre, em qualquer momento da nossa vida cristã, nós estamos reunidos nessa grande Catedral que é a Igreja, a ouvir o ensinamento dos Apóstolos, e a amar todos os homens, nossos irmãos, com o infinito amor de Deus, em Jesus Cristo.

Sé Patriarcal, 25 de Outubro de 2010
† JOSÉ, Cardeal-Patriarca