quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Vivendo a Quaresma VII

"Nam sicut Ionas fuit signum Ninevitis, ita erit et Filius hominis generationi isti. (...) et ecce plus Iona hic". - Lucam 11, 30.32c

"Assim como Jonas foi um sinal para os habitantes de Nínive, assim o será também o Filho do homem para esta geração. (...) e aqui está quem é maior do que Jonas". - Lc 11, 30.32c

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Vivendo a Quaresma VI

Orantes autem nolite multum loqui sicut ethnici; putant enim quia in multiloquio suo exaudiantur. Nolite ergo assimilari eis; scit enim Pater vester, quibus opus sit vobis, antequam petatis eum. Sic ergo vos orabitis: Pater noster, qui es in caelis,sanctificetur nomen tuum, adveniat regnum tuum, fiat voluntas tua, sicut in caelo, et in terra. Panem nostrum supersubstantialem da nobis hodie; et dimitte nobis debita nostra, sicut et nos dimittimus debitoribus nostris; et ne inducas nos in tentationem, sed libera nos a Malo. - Matthaeum 6, 7-15

Quando orardes, não digais muitas palavras, como os pagãos, porque pensam que serão atendidos por falarem muito. Não sejais como eles, porque o vosso Pai bem sabe do que precisais, antes de vós Lho pedirdes. Orai assim: ‘Pai nosso, que estais nos Céus, santificado seja o vosso nome; venha a nós o vosso reino; seja feita a vossa vontade assim na terra como no Céu. O pão nosso de cada dia nos dai hoje; perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido; e não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal’. - Mt 6, 7-15

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

No dia da Cadeira de São Pedro

A festa da Cadeira de São Pedro era já celebrada neste dia em Roma no século IV, para significar a unidade da Igreja, fundada sobre o Príncipe dos Apóstolos.

Celebremos esta Festa em profunda unidade e oração com o Vigário de Cristo, o Santo Padre Bento XVI!

Segue a mensagem do Santo Padre para esta Quaresma:

A justiça de Deus está manifestada mediante a fé em Jesus Cristo (cfr Rom 3, 21–22)

Queridos irmãos e irmãs,

Todos os anos, por ocasião da Quaresma, a Igreja convida-nos a uma revisão sincera da nossa vida à luz dos ensinamentos evangélicos. Este ano desejaria propor-vos algumas reflexões sobre o tema vasto da justiça, partindo da afirmação Paulina: A justiça de Deus está manifestada mediante a fé em Jesus Cristo (cfr Rom 3,21–22).

Justiça: “dare cuique suum”

Detenho-me em primeiro lugar sobre o significado da palavra “justiça” que na linguagem comum implica “dar a cada um o que é seu – dare cuique suum”, segundo a conhecida expressão de Ulpiano, jurista romano do século III. Porém, na realidade, tal definição clássica não precisa em que é que consiste aquele “suo” que se deve assegurar a cada um. Aquilo de que o homem mais precisa não lhe pode ser garantido por lei. Para gozar de uma existência em plenitude, precisa de algo mais íntimo que lhe pode ser concedido somente gratuitamente: poderíamos dizer que o homem vive daquele amor que só Deus lhe pode comunicar, tendo-o criado à sua imagem e semelhança. São certamente úteis e necessários os bens materiais – no fim de contas o próprio Jesus se preocupou com a cura dos doentes, em matar a fome das multidões que o seguiam e certamente condena a indiferença que também hoje condena à morte centenas de milhões de seres humanos por falta de alimentos, de água e de medicamentos -, mas a justiça distributiva não restitui ao ser humano todo o “suo” que lhe é devido. Mais do que o pão ele de facto precisa de Deus. Nota Santo Agostinho: se “a justiça é a virtude que distribui a cada um o que é seu… não é justiça do homem aquela que subtrai o homem ao verdadeiro Deus” (De civitate Dei, XIX, 21).

De onde vem a injustiça?

O evangelista Marcos refere as seguintes palavras de Jesus, que se inserem no debate de então acerca do que é puro e impuro: “Nada há fora do homem que, entrando nele, o possa tornar impuro. Mas o que sai do homem, isso é que o torna impuro. Porque é do interior do coração dos homens, que saem os maus pensamentos” (Mc 7,14-15.20-21). Para além da questão imediata relativa ao alimento, podemos entrever nas reacções dos fariseus uma tentação permanente do homem: individuar a origem do mal numa causa exterior. Muitas das ideologias modernas, a bem ver, têm este pressuposto: visto que a injustiça vem “de fora”, para que reine a justiça é suficiente remover as causas externas que impedem a sua actuação: Esta maneira de pensar - admoesta Jesus – é ingénua e míope. A injustiça, fruto do mal, não tem raízes exclusivamente externas; tem origem no coração do homem, onde se encontram os germes de uma misteriosa conivência com o mal. Reconhece-o com amargura o Salmista: “Eis que eu nasci na culpa, e a minha mãe concebeu-se no pecado” (Sl 51,7). Sim, o homem torna-se frágil por um impulso profundo, que o mortifica na capacidade de entrar em comunhão com o outro. Aberto por natureza ao fluxo livre da partilha, adverte dentro de si uma força de gravidade estranha que o leva a dobrar-se sobre si mesmo, a afirmar-se acima e contra os outros: é o egoísmo, consequência do pecado original. Adão e Eva, seduzidos pela mentira de Satanás, colhendo o fruto misterioso contra a vontade divina, substituíram à lógica de confiar no Amor aquela da suspeita e da competição; à lógica do receber, da espera confiante do Outro, aquela ansiosa do agarrar, do fazer sozinho (cfr Gn 3,1-6) experimentando como resultado uma sensação de inquietação e de incerteza. Como pode o homem libertar-se deste impulso egoísta e abrir-se ao amor?

Justiça e Sedaqah

No coração da sabedoria de Israel encontramos um laço profundo entre fé em Deus que “levanta do pó o indigente (Sl 113,7) e justiça em relação ao próximo. A própria palavra com a qual em hebraico se indica a virtude da justiça, sedaqah, exprime-o bem. De facto sedaqah significa, de um lado a aceitação plena da vontade do Deus de Israel; do outro, equidade em relação ao próximo (cfr Ex 29,12-17), de maneira especial ao pobre, ao estrangeiro, ao órfão e à viúva (cfr Dt 10,18-19). Mas os dois significados estão ligados, porque o dar ao pobre, para o israelita nada mais é senão a retribuição que se deve a Deus, que teve piedade da miséria do seu povo. Não é por acaso que o dom das tábuas da Lei a Moisés, no monte Sinai, se verifica depois da passagem do Mar Vermelho. Isto é, a escuta da Lei, pressupõe a fé no Deus que foi o primeiro a ouvir o lamento do seu povo e desceu para o libertar do poder do Egipto (cfr Ex s,8). Deus está atento ao grito do pobre e em resposta pede para ser ouvido: pede justiça para o pobre (cfr Ecli 4,4-5.8-9), o estrangeiro (cfr Ex 22,20), o escravo (cfr Dt 15,12-18). Para entrar na justiça é portanto necessário sair daquela ilusão de auto-suficiência, daquele estado profundo de fecho, que é a própria origem da injustiça. Por outras palavras, é necessário um “êxodo” mais profundo do que aquele que Deus efectuou com Moisés, uma libertação do coração, que a palavra da Lei, sozinha, é impotente para a realizar. Existe portanto para o homem esperança de justiça?

Cristo, justiça de Deus

O anúncio cristão responde positivamente à sede de justiça do homem, como afirma o apóstolo Paulo na Carta aos Romanos: “ Mas agora, é sem a lei que está manifestada a justiça de Deus… mediante a fé em Jesus Cristo, para todos os crentes. De facto não há distinção, porque todos pecaram e estão privados da glória de Deus, sendo justificados gratuitamente pela Sua graça, por meio da redenção que se realiza em Jesus Cristo, que Deus apresentou como vítima de propiciação pelo Seu próprio sangue, mediante a fé” (3,21-25)

Qual é portanto a justiça de Cristo? É antes de mais a justiça que vem da graça, onde não é o homem que repara, que cura si mesmo e os outros. O facto de que a “expiação” se verifique no “sangue” de Jesus significa que não são os sacrifícios do homem a libertá-lo do peso das suas culpas, mas o gesto do amor de Deus que se abre até ao extremo, até fazer passar em si “ a maldição” que toca ao homem, para lhe transmitir em troca a “bênção” que toca a Deus (cfr Gal 3,13-14). Mas isto levanta imediatamente uma objecção: que justiça existe lá, onde o justo morre pelo culpado e o culpado recebe em troca a bênção que toca ao justo? Desta maneira, cada um não recebe o contrário do que é “seu”? Na realidade, aqui manifesta-se a justiça divina, profundamente diferente da justiça humana. Deus pagou por nós no seu Filho o preço do resgate, um preço verdadeiramente exorbitante. Perante a justiça da Cruz o homem pode revoltar-se, porque ele põe em evidência que o homem não é um ser autárquico, mas precisa de um Outro para ser plenamente si mesmo. Converter-se a Cristo, acreditar no Evangelho, no fundo significa precisamente isto: sair da ilusão da auto-suficiência para descobrir e aceitar a própria indigência
– indigência dos outros e de Deus, exigência do seu perdão e da sua amizade.

Compreende-se então como a fé não é um facto natural, cómodo, óbvio: é necessário humildade para aceitar que se precisa que um Outro me liberte do “meu”, para me dar gratuitamente o “seu”. Isto acontece particularmente nos sacramentos da Penitência e da Eucaristia. Graças à acção de Cristo, nós podemos entrar na justiça “ maior”, que é a do amor (cfr Rom 13,8-10), a justiça de quem se sente em todo o caso sempre mais devedor do que credor, porque recebeu mais do que aquilo que poderia esperar.

Precisamente fortalecido por esta experiência, o cristão é levado a contribuir para a formação de sociedades justas, onde todos recebem o necessário para viver segundo a própria dignidade de homem e onde a justiça é vivificada pelo amor.

Queridos irmãos e irmãs, a Quaresma culmina no Tríduo Pascal, no qual também este ano celebraremos a justiça divina, que é plenitude de caridade, de dom, de salvação. Que este tempo penitencial seja para cada cristão tempo de autêntica conversão e de conhecimento intenso do mistério de Cristo, que veio para realizar a justiça. Com estes sentimentos, a todos concedo de coração, a Bênção Apostólica.

Vaticano, 30 de Outubro de 2009

BENEDICTUS PP. XVI

Vivendo a Quaresma V

Tu es Petrus, et super hanc petram aedificabo Ecclesiam meam; et portae inferi non praevalebunt adversum eam. Tibi dabo claves regni caelorum; - Matthaeum 16, 18-19

Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela. Dar-te-ei as chaves do Reino dos Céus; - Mt 16, 18-19

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Vivendo a Quaresma IV

“ Quare cum publicanis et peccatoribus manducatis et bibitis? ”. Et respondens Iesus dixit ad illos: “ Non egent, qui sani sunt, medico, sed qui male habent. - Lucam 5, 30-31

«Porque comeis e bebeis com os cobradores de impostos e com os pecadores?» Jesus tomou a palavra e disse-lhes: «Não são os que têm saúde que precisam de médico, mas os que estão doentes. - Lc 5, 30-31

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Vivendo a Quaresma III

“ Numquid possunt convivae nuptiarum lugere, quamdiu cum illis est sponsus? Venient autem dies, cum auferetur ab eis sponsus, et tunc ieiunabunt" - Matthauem 9, 15

"Podem os companheiros do esposo ficar de luto, enquanto o esposo estiver com eles? Dias virão em que o esposo lhes será tirado e nessa altura hão-se jejuar" - Mt 9,15

Vivendo a Quaresma II

"Si quis vult post me venire, abneget semetipsum et tollat crucem suam cotidie et sequatur me. Qui enim voluerit animam suam salvam facere, perdet illam" - Lucam 9, 23-24

"Se alguém quiser seguir-Me, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz todos os dias e siga-Me. Pois quem quiser salvar a sua vida, terá de perde-la" - Lc 9, 23-24

Vivendo a Quaresma I

Te autem faciente eleemosynam, nesciat sinistra tua quid faciat dextera tua, ut sit eleemosyna tua in abscondito, et Pater tuus, qui videt in abscondito, reddet tibi - Matthaeum 6, 3-4

Quando deres esmola, não saiba a tua mão esquerda o que faz a direita, para que a tua esmola fique em segredo e teu Pai, que vê o que está oculto, te dará recompensa - Mt 6-

Manifestação

Hoje, sábado 20 de Fevereiro de 2010, dia dos Beatos Francisco e Jacinta Marto, cerca de 5.000 pessoas desceram a Avenida da Liberdade, do Marquês de Pombal aos Restauradores, numa manifestação com o objectivo de pedir a realização dum referendum que possa rectificar e/ou ratificar o pretenso "casamento" entre pessoas do mesmo sexo. EU ESTIVE LÁ!

De facto, a alegria, a juventude e os diversos grupos que marcaram presença, trouxeram uma manifestação diferente àquela Avenida. Estive lá e gostei de lá estar, apesar do frio cortante deste Fevereiro em Lisboa, mesmo com o sol que sempre se mostrou.

As palavras de Fernando e de Francisco Ribeiro e Castro, os 2 irmãos, 1 da Associação de Famílias Numerosas, outro deputado eleito pelo Porto pelo CDS / PP, ficaram.

Com a devida vénia, incluo o link do blog do Reverendo Pe. Nuno Serras Pereira, que conta as suas impressões porque também lá esteve:

http://jesus-logos.blogspot.com/2010/02/beleza-determinacao-cobardia-e.html

Deo Gratias!

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Carnaval e Cinzas

Sobre a origem da palavra Carnaval não há unanimidade entre os estudiosos, mas as hipóteses "carne vale" (adeus carne) ou de "carne levamen" (supressão da carne) levam-nos, indubitavelmente, para o início do período da Quaresma. A própria designação de Entrudo, ainda muito utilizada entre nós, vem do latim "introitus" e apresenta o significado de dar entrada, começo, em relação a esse tempo litúrgico.

O Carnaval é uma festividade popular colectiva, cíclica e agrária. Teve como verdadeiros iniciadores os povos que habitavam as margens do rio Nilo, no ano 4000 a.C. A Igreja viria a alterar e adaptar práticas pré-cristãs, relacionando o período carnavalesco com a Quaresma. Uma prática penitencial preparatória à Páscoa, com jejum começou a definir-se a partir de meados do século II; por volta do século IV, o período quaresmal caracterizava-se como tempo de penitência e renovação interior para toda a Igreja, inclusive por meio do jejum e da abstinência. No ano 590, os festejos do Carnaval consistiam em desfiles e espectáculos de carácter cómico. No séc. XV, o Papa Paulo II contribuiu para a evolução do Carnaval, imprimindo uma mudança estética ao introduzir o baile de máscaras, com corridas de cavalos, carros alegóricos, corridas de corcundas, lançamento de ovos, água e farinha e outras manifestações populares.

No dia seguinte, as Cinzas recordam o que fica da queima ou da corrupção das coisas e das pessoas. Este rito é um dos mais representativos dos sinais e gestos simbólicos do caminho quaresmal. Foi estendido a todos os cristãos no Primeiro Dia da Quaresma. As Cinzas, símbolo da morte e do nada da criatura em relação ao seu Criador, obtêm-se por meio da queima dos ramos de palmeiras e de oliveiras abençoados no ano anterior, na celebração do Domingo de Ramos.

Uma prática preparatória para a Páscoa, com jejum, começou a surgir a partir de meados do século II; outras referências a um tempo pré-pascal aparecem no Oriente, no início do século IV, e no Ocidente no final do mesmo século. Nos primeiros tempos da Igreja, durante esse período, estavam na fase final da sua preparação os catecúmenos que, durante a vigília Pascal, haveriam de receber o Baptismo. Por volta do século IV, o período quaresmal caracterizava-se como tempo de penitência e renovação interior para toda a Igreja, inclusive por meio do jejum e da abstinência, marcas que ainda hoje se mantêm.

Na Liturgia, o tempo iniciado com as Cinzas é marcado por paramentos e vestes roxas e pela omissão do "Glória" e do "Aleluia" na celebração da Missa, que só voltam a ser proclamados, preferencialmente cantados e por toda a assembleia dos crentes reunidos, na grande Vigília Pascal, de Sábado para Domingo de Páscoa.

Petrus

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Hino Pange Lingua com Texto de São Tomás de Aquino

Com a devida vénia e referência ao blog do Luis Cardoso "Também Isto É Vaidade":

http://tambemistoevaidade.blogspot.com/2010/02/musica-e-teologia-pio-x-tra-le_05.html

Uma excelente audição e as referências a São Pio X - Tra le sollecitudini
e após a despedida ao nosso Irmão Esaú, antigo Coralista do Regina Coeli de Lisboa, para alguma reflexão sobre a música que se vem cantando nos nossos Lugares Sagrados.

Um abraço Caro L

O Regicídio 102 Anos depois

No 1º de Fevereiro de 1908 El Rei D. Carlos I e o Príncipe Real D. Luís Filipe foram barbaramente assassinados pelas sociedades secretas maçónicas e para-maçónicas e pelos campiões da ditadura: O extinto Partido Republicano Português.

Nessa altura o PRP tinha um punhado de votos, muito concentrado em Lisboa e, em menor grau no Porto. Cerca de 92% da população que votava, que, de facto, era uma minoria pois a grande maioria não tinha direito a fazê-lo, votava nos Partidos Monárquicos.

Há 2 anos estive com sua Eminência o Senhor Cardeal Patriarca de Lisboa, na evocação dos 100 anos desse funesto acontecimento e Sua Eminência na homilia referiu-se às perseguições a que a Igreja foi sujeita nos 16 anos 1910/1926 que se seguiram à queda da Monarquia.

O Rei como árbitro foi sempre acusado pelos partidos do rotativismo pela sua inércia, pelas suas despesas, pelo seu alheamento. Mas o Rei reinava, não governava, não estava dependente dos interesses e dos vergonhosos vendilhões que já populavam pela Nossa Pátria que, recorde-se, existia desde o Minho a Timor.

A solução da Monarquia Constitucional Liberal de 1820/1910 estava cravada de erros, desde a sua fundação mas, apesar de tudo era uma solução melhor do que a República sanguinária que se lhe seguiu. "Há que dizê-lo com frontalidade": A República Portuguesa desterrou os Sucessores dos Apóstolos portugueses, exilou Sua Eminência o Cardeal Mendes Belo, matou, assassinou, centenas de padres, religiosos e religiosas, encerrou Igrejas, proibiu procissões e incendiou Lugares Sagrados. Para quê? Para nada! Para trazer o oco ao povo.

Graças a sua Eminência Dom Manuel Gonçalves Cerejeira, de boa memória, a Igreja recompôs-se, reconstrui-se, renovou-se, assinou-se a Concordata e o Acordo Missionário - mesmo assim sem total liberdade, mantiveram-se situações inaceitáveis, como seja a possibilidade do veto à nomeação dos Srs. Bispos, o Sr. Dom António Ribeiro foi alvo disso - mas só com muita acção missionária e efusão do Espírito Santo foi possível ultrapassar os 16 anos de terror (e, reconheça-se, os 90 anos de crispação que a revolução liberal trouxe).

A Instituição Real é necessária, o Rei e a Corte gastam menos do que a República, as nobilitações efectuadas na Monarquia Constitucional eram na sua grande maioria por 1 ou por 2 vidas e foram menos do que as nomeações que em cada 10 de Junho acontecem, já contabilizaram quantos Comendadores, Oficiais de Torre e Espada, Cavaleiros da Ordem de Mérito ou doutra Ordem existem desde 1910? Muito mais! Apenas mudaram os nomes, em vez de Duques, Marqueses, Condes, Viscondes e Barões, passamos a ter Comendadores, Grandes Oficiais, Cavaleiros, Oficiais, etc...

A nomeação e escolha dos Deputados e a existência de apenas uma Câmara são péssimas escolhas que os constitucionalistas de 1974/1975 fizeram. Os deputados deveriam passar a ser eleitos uninominalmente para 50% dos lugares do parlamento e os votos perdidos em cada eleição local deveriam transitar para um único círculo nacional, do qual sairão os restantes 50% de parlamentares. A antiga Câmara dos Pares, à semelhança da House of Lords britânica deveria ser reabilitada, com as chamadas "forças vivas da Nação", os Srs. Arcebispos e Bispos, os Srs. Reitores das Universidades Portuguesas, os Bastonários das Classes Profissionais, os Parceiros Sociais Empresariais, os Sindicalistas e Secretários Gerais das Confederações e Uniões Laborais, as Organizações da Família, os representantes das Forças Armadas, os representantes das Associações, naturalmente com critérios de números mínimos e, no caso da 2ª Câmara, com a possibilidade de veto d'el Rei.

Para quem não sabe, a sucessão real foi e é a seguinte:
-Dom Carlos I
-Dom Luis II (mesmo que por horas, o Príncipe Real foi Rei)
-Dom Manuel II
-Dom Duarte II
-Dom Duarte III

Real, Real , Real, Por El Rei de Portugal! Nós Somos Livres e o Nosso Rei é Livre! (da aclamação d'El Rei Dom Afonso Henriques em 1128).

Deixo-vos com excertos da Homilia do Reverendo Padre Gonçalo Portocarrero de Almada na Missa por alma d'El-Rei D. Carlos e do Príncipe Real Dom Luís Filipe, em 1 de Fevereiro de 2010, na Igreja da Encarnação, em Lisboa:

DOM CARLOS E DOM LUIS FILIPE MÁRTIRES DA PÁTRIA:

Começa o ano civil com a comemoração do Dia Mundial da Paz, sob os auspícios da nossa Padroeira e Rainha, Nossa Senhora da Conceição, cuja maternidade divina se celebra também, liturgicamente, nesse primeiro dia de Janeiro. A esse tão feliz início do primeiro mês do ano, segue-se, no primeiro dia do mês seguinte, a trágica recordação de igual data do ano de 1908, em que tombaram, por Deus e pela Pátria, Sua Majestade El-Rei D. Carlos I e Sua Alteza Real o Príncipe D. Luís Filipe, em dramático atentado ocorrido no Terreiro do Paço, onde hoje uma lápide comemorativa recorda tão funesto acontecimento…

Que celebra a Igreja quando recorda, mais de um século depois, o passamento de El-Rei D. Carlos e de seu filho, o Príncipe Real? Não poderá resultar anacrónica esta evocação, tanto tempo decorrido já sobre o nefasto acontecimento? Não se estará porventura a incorrer num retrógrado saudosismo de outros tempos e eras? A estas dúvidas quanto à oportunidade desta celebração, poder-se-iam ainda acrescentar outras questões respeitantes à sua pertinência. Com efeito, o facto de esta evocação ocorrer numa igreja e em plena liturgia eucarística, não poderá ser entendido como uma desvirtuação da instituição eclesial e da própria Santa Missa? Não se corre o risco de confundir o temporal com o espiritual, o trono com o altar?

A Eucaristia é sempre uma acção de louvor à Santíssima Trindade, pela qual se realiza verdadeiramente, embora de forma incruenta, o Sacrifício de Nosso Senhor Jesus Cristo no Calvário. É, por isso, uma acção litúrgica, ou seja, de culto divino, que realiza o fim latrêutico que anima toda a vida eclesial, porque a principal finalidade da Igreja, dos seus fiéis e até de cada homem é dar glória a Deus. Mas como a glória de Deus é, como já ensinava São Leão Magno, o homem vivo, a celebração da divindade é também, em Cristo Nosso Senhor, comemoração da humanidade assumida e redimida no Verbo encarnado. Para além de verdadeiro sacrifício, a Missa é também memória e celebração.

Neste preciso sentido, esta evocação é, em primeiro lugar, uma Missa de sufrágio pelas almas do falecido monarca e de seu filho primogénito. Sem desrespeitar a dignidade da sua estirpe real, nem a excelência das elevadas funções que ambos exerceram, é sobretudo enquanto fiéis cristãos que a Igreja os recorda nesta celebração e eleva ao Céu preces pelas suas almas…

Mártires da Pátria: Se é este piedoso propósito a principal razão desta liturgia, também é verdade que esta celebração é igualmente comemorativa, não do facto lamentável do regicídio, mas das suas vítimas inocentes.

Já os primeiros cristãos se reuniam nos seus templos para a celebração dos mistérios divinos, mas também para a gloriosa comemoração dos seus irmãos que tinham dado a vida pela fé, pois a palma do seu martírio era razão suficiente para concluir, com absoluta certeza, a sua eterna salvação. Foram estes os primeiros santos do calendário cristão, os primeiros também a serem celebrados com festas próprias e a merecerem o culto público dos fiéis, mas sempre subordinado à adoração que só às Pessoas divinas é devida.

Muito embora a definição de martírio pressuponha, por regra, a entrega voluntária da vida por causa da fé, também é verdade que a Igreja tem admitido, ao longo da sua bimilenar história, algumas excepções. Por exemplo, a antiquíssima veneração dos santos inocentes, as crianças assassinadas por Herodes no seu intuito de matar o recém-nascido Rei dos Judeus, parece indiciar uma aplicação sui generis do conceito de martírio, na medida em que aquelas crianças não eram crentes, nem morriam voluntariamente em defesa de uma fé que, por certo, ignoravam absolutamente. Nesse caso, como a sua vida foi ceifada em nome do ódio anti-cristão, que movia o ímpio tirano, a Igreja entendeu que lhes era devida a honra do martírio e, como tal, as festeja no seu calendário oficial, na oitava do Natal.

Outro exemplo significativo e bem mais recente é o caso de São Maximiliano Kolbe, também oficialmente considerado como mártir, mas cuja morte também não se ficou a dever directamente à sua fé. Prisioneiro num campo de concentração nazi, este bem-aventurado ofereceu voluntariamente a sua vida em resgate de um outro detido, cuja morte tinha sido decidida como medida de retaliação. Não obstante a sua morte não ter sido provocada directamente pelo facto de ser cristão, o dicastério competente da Santa Sé entendeu que este santo religioso tinha sido mártir, senão em nome da fé, pelo menos em nome da caridade, pois ninguém tem maior amor do que aquele que dá a sua vida pelos seus amigos.

Neste sentido mais amplo, não repugna considerar El-Rei D. Carlos I e o Príncipe Real como vítimas do ódio dos seus assassinos e ainda das associações em que os mesmos militavam e foram também, por esse motivo, cúmplices morais do regicídio, pois ninguém pode pôr em dúvida que a morte de ambos foi uma consequência directa da sua heróica entrega ao seu país e ao seu povo, que souberam amar e servir até ao fim…

Este ano de 2010, centésimo segundo aniversário do regicídio, é também o ano em que se recorda a proclamação da república portuguesa. Como é sabido, a alteração do regime político ficou-se a dever ao golpe de Estado de 5 de Outubro de 1910 e, mais remotamente, ao atentado que vitimou El-Rei D. Carlos I e o Príncipe Real.

A relação entre o regicídio e a posterior instauração do regime republicano não é já uma simples conjectura ou uma mera hipótese científica, mas uma verdade histórica indesmentível. Não será portanto desprovido de fundamento que esta reflexão incida também sobre este particular, tendo em conta que esta celebração ocorre precisamente no centenário da república, cujas comemorações oficiais tiveram ontem o seu começo.

A Igreja não tem preferências de carácter institucional, não apenas porque respeita a legítima autonomia dos povos no que concerne à sua organização política, mas também porque o seu fim é transcendente. Contudo, não pode deixar de se pronunciar sobre aqueles regimes que, de algum modo, atentam contra a liberdade da Igreja e dos fiéis, nomeadamente violando os mais elementares direitos fundamentais. Neste sentido, a Igreja não é, nem nunca foi ou poderá ser, republicana ou anti-republicana, monárquica ou anti-monárquica, mas será sempre contra todos os sistemas políticos que, qualquer que seja a sua configuração constitucional, oprimam o homem e se oponham ao bem comum.

Sem ânimo para me espraiar sobre um tema que é mais próprio de uma sessão académica do que de uma homilia, gostaria no entanto de enumerar, a título de exemplo, algumas das medidas levadas a cabo pelo primeiro governo provisório republicano, logo após o golpe de 5 de Outubro de 1910, portanto numa época em que o supremo órgão executivo nem sequer contava com nenhum tipo de legitimidade democrática.

Dois dias depois, a 7 de Outubro de 1910, todos os feriados religiosos foram suprimidos, mantendo-se apenas o 25 de Dezembro, mas como festividade laica, ou seja, como Dia da Família portuguesa. Por sinal, as anticlericais leis da família, que estabeleceram o divórcio e acintosamente previam pensões para as «viúvas» e filhos dos padres, foram publicadas no dia 25 de Dezembro de 1910, numa provocatória ofensa ao santo dia de Natal.

Foi também em Outubro de 1910 que se procedeu à encarceração e à posterior expulsão dos religiosos da benemérita Companhia de Jesus, dando por vigentes os correspondentes decretos pombalinos. De imediato, proibiram-se os juramentos religiosos, bem como a presença de crucifixos nos edifícios públicos e, ainda, o uso de vestes talares pelos clérigos e religiosos. O ministério da Guerra mandou retirar de todas as fortificações militares os nomes dos santos que até então as designaram e impediu-se o ensino da doutrina cristã nas escolas. Fechou-se ao culto a capela da Universidade de Coimbra, que foi convertida, à boa maneira bolchevique, num museu de arte sacra. As matrículas no primeiro ano da Faculdade de Teologia foram anuladas, por decreto do governo, e abolida a cadeira de Direito Eclesiástico nas faculdades estatais. Foi vedada aos membros das Forças Armadas a participação em actos religiosos e, já em 1911, à imagem e semelhança da Revolução Francesa, foi determinado pelo governo que, nos tribunais, cartórios e repartições do Estado, não se fizesse menção à era de Cristo.

Não é preciso prosseguir para poder concluir, mesmo sem necessidade do aval de nenhum historiador, a matriz profundamente anti-cristã do regime instaurado em Portugal em 5 de Outubro de 1910. Uma tal afirmação não nasce de nenhum preconceito, mas de um juízo desapaixonado dos factos, de que a precedente lista não é mais do que uma significativa e eloquente amostra. Negar o seu carácter essencialmente anti-católico é negar uma evidência e, como se costuma dizer, contra factos não há argumentos.

No contexto desta política, tão anticlerical como anti-democrática, entende-se que o regicídio fosse indispensável para a implementação de medidas que, pelo seu carácter profundamente sectário e injusto, nunca poderiam ter o patrocínio de um rei. Nenhum soberano cristão digno desse nome, nenhum verdadeiro Rei de Portugal, nação fidelíssima, se sujeitaria nunca a uma tal tirania e, por isso, os revolucionários de 5 de Outubro aperceberam-se de que só a queda da monarquia poderia permitir a vitória do seu ideário. E como a realeza era então, como sempre foi, querida pelo povo, não restava outro expediente para a sua abolição que não fosse o crime e a traição.

Triste regime o que nasce de mãos assassinas, tingidas com o sangue inocente de dois dos maiores mártires da história de Portugal: El-Rei D. Carlos e o Príncipe Real!
Salvar a família, salvar Portugal. Talvez alguém pense que o carácter profundamente anti-democrático e anti-cristão da primeira república é apenas uma desastrada reminiscência, uma triste página de um passado que, felizmente, nada tem a ver com o nosso tempo.

É verdade que o Portugal de 2010 é muito diferente do de 1910, mas talvez não seja temerário afirmar que o espírito laicista de outrora permanece vivo no regime que, talvez por se identificar tanto com os seus centenários fundadores, se presta a festejá-los com tanta pompa e circunstância, a expensas do exausto erário público. Não obstante as convicções cristãs da grande maioria dos portugueses, insiste-se numa política contrária à mais elementar liberdade, através de medidas que, embora não hostilizando directamente a Igreja Católica, procuram a sua destruição. Não se impede formalmente a acção da Igreja, mas silencia-se a sua voz, atenta-se contra o seu magistério e contra as suas instituições…

Para salvar a família e salvar Portugal, é preciso que muitas famílias cristãs se não demitam da sua responsabilidade social!

Para salvar a família e salvar Portugal, é preciso que a Família Real, que é a fiel depositária de oito séculos de tradição cristã e de glória nacional, nos continue a guiar pelos caminhos da nossa História, na fidelidade à Igreja e à nossa memória e independência nacional!

Para salvar a família e salvar Portugal, é preciso que o exemplo heróico de El-Rei D. Carlos I e do Príncipe Real sejam fermento de muitos portugueses que hoje, como naquele fatídico 1º de Fevereiro de 1908, dêem a sua vida pela fé e pela Pátria!

Quando Suas Majestades El-Rei D. Carlos I e a Rainha D. Amélia, e Sua Alteza Real o Príncipe Dom Luís Filipe atracaram, pelas 17 horas do dia 1 de Fevereiro de há 102 anos, na estação fluvial do Terreiro do Paço, voltavam a Lisboa depois de uma estadia em Vila Viçosa. Junto ao seu Paço Ducal, ergue-se o Santuário da veneranda imagem de Nossa Senhora da Conceição, pelo que talvez não seja excessivo supor que a Santíssima Virgem Maria terá acompanhado a Família Real no seu regresso à capital, retribuindo assim a sua boa vizinhança. E como Nossa Senhora é Mãe que quer sempre o nosso bem e Rainha que tudo pode, é certo que assistiu a El-Rei e ao Príncipe Real na sua última hora. Que os tenha pois em Sua santa glória!

A Nossa Senhora da Conceição dirigimos uma última prece, pedindo à nossa Padroeira que seja agora de novo – como foi, em 1385, para o Santo Condestável e, em 1640, para El-Rei D. João IV – a nossa bandeira, sob a qual nos comprometemos a defender a fé, para salvar Portugal.

Transcrito por Petrus

Maliana

Do final de Janeiro ainda nos sobrou uma boa notícia: A criação da terceira diocese de Timor Leste: Maliana, tendo sido nomeado seu primeiro Bispo Dom Norberto do Amaral. Agora com 3 dioceses será possível criar uma Conferência Episcopal Timorense, apesar das 3 dioceses permanecerem directamente dependentes da Santa Sé, por não haver novidades sobre a criação duma Província Eclesiástica ou uma Arquidiocese.

A nova diocese tem 3.645 Km2, 210 mil habitantes, dos quais 98,4% baptizados católicos, 10 Paróquias, 6 Padres Diocesanos, 25 Padres pertencentes a Ordens Religiosas, 27 Irmãos Consagrados e 81 Irmãs Consagradas. É uma diocese e um povo a crescer, apesar das agruras da vida, nas alegrias e nas tristezas dum caminhar de fé e de sobrevivência. Oremos por esta nova Igreja Doméstica, que ela conduza o povo de Bobonaro e permita manter bem viva a devoção a Nosso Senhor Jesus Cristo, a sua Mãe Maria Santíssima e ao Santo Padre. Como recordo aquando da 2ª visita do Santo Padre João Paulo II o Santo Terço rezado em latim e em tétum com os timorenses em frente à Nunciatura Apostólica!

Deo Gratias!