sábado, 26 de dezembro de 2009

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Padre Luis Rocha e Melo

Pie Jesu Domine, dona eis requiem.
Dona eis requiem sempiternam.

A última vez que conversei com o Reverendo Padre Luís Rocha e Melo foi no ano passado, no Algarve, ao final da tarde, no calor de Agosto, na Praia de Alagoa (Altura), junto à casa que alugava, na mesma rua que os meus sogros, recordámos os tempos em que foi meu Professor na Escola de Leigos do Patriarcado de Lisboa, uma década antes.

Alguém que, pela efusão do Espírito Santo através do sacramento da Ordem, me ajudou a atravessar esses dias de final da década de 90.

A voragem dos dias é assim. Só hoje soube.

Que descanse em paz.

Da Agência Ecclesia:
O Padre Luís Rocha e Melo faleceu às 5h00 desta Quarta-feira. Tinha 72 anos de idade, 55 de jesuíta e 43 de sacerdócio. Era Sócio (Adjunto) do Provincial. Em seu sufrágio será celebrada a Eucaristia, hoje, 23 de Dezembro, às 19h00, em Lisboa, na Igreja do Colégio São João de Brito, (Lumiar). O funeral sairá da mesma igreja na Quinta-feira, dia 24, precedido da Celebração Eucarística, marcada para as 10h00. O Pe. Luís Rocha e Melo ocupou os cargos de provincial da Companhia de Jesus, em Portugal, e de assistente do Superior Geral da congregação, em Roma.
Foi missionário em Angola, assistente e colaborador da Rádio Renascença e superior de várias casas dos Jesuítas em Portugal. Distinguiu-se pelos seus livros e intervenções no domínio da espiritualidade. Foi professor na Universidade Católica e director espiritual no Seminário dos Olivais, em Lisboa. “O Pe. Luís Rocha e Melo era um homem tão profundamente humano como altamente espiritual”, afirmou o sacerdote jesuíta Manuel Morujão à Agência ECCLESIA. “A glória de Deus e o serviço à pessoa humana nortearam a sua vida”, acrescentou. O secretário da Conferência Episcopal Portuguesa referiu igualmente que o Pe. Luís Rocha e Melo “vivia com grande simplicidade, ao mesmo tempo que estava permanentemente actualizado com a tecnologia”. “Era um colega, irmão e amigo que tinha um coração aberto a todos; deixa-nos uma imensa saudade”, concluiu. Os últimos dias do Pe. Luís Rocha e Melo foram vividos na enfermaria do Colégio de São João de Brito.

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Natal do Senhor

Adeste Fideles
Laeti triumphantes
Venite, venite in Bethlehem
Natum videte
Regem angelorum
Venite adoremus, Venite adoremus,
Venite adoremus, Dominum

Cantet nunc io

Chorus angelorum
Cantet nunc aula caelestium
Gloria, gloria
In excelsis Deo
Venite adoremus, Venite adoremus,
Venite adoremus, Dominum

Ergo qui natus

Die hodierna
Jesu, tibi sit gloria
Patris aeterni
Verbum caro factus
Venite adoremus, Venite adoremus,
Venite adoremus, Dominum

Com o Adeste Fidelis e como compôs o nosso rei restaurador Dom João IV, ao Rei dos Reis, Senhor dos Senhores, clamamos Vinde Todos os Fiéis!
Cantamos como os Anjos cantaram naquela madrugada:
Gloria in excelsis Deo et in terra pax hominibus bonae voluntatis.
Um Santo e Feliz Natal em Cristo Deus feito Homem e Menino para a todos nos salvar!

Petrus

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Algumas alterações

A caminho dum Natal Cristão adquiri para mim e para pais e sogros
o estandarte de Natal. É bonito e é o Menino Jesus, poderão vê-lo
neste link:

http://www.estandartesdenatal.org/

Hoje melhorei também a forma do blog e acrescentei na barra direita os blogs que tenho seguido.

Nosso Senhor Jesus Cristo vem como Menino todos os anos, mais que
qualquer sol na aurora, preparemos o Natal, nesta última semana do
Advento.
Para quem me visita desejo boas leituras e uma saudável navegação.
Petrus

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Ao meu querido Avô

Requiem aeternam dona eis, Domine;
Et lux perpetuam luceat eis.
Te decet hymnus, Deus, in Sion,
Et tibi reddetur votum in Ierusalem.
Exaudi orationem meam;
Ad te omnis caro veniet.

Para os crentes em Nosso Senhor Jesus Cristo não podem existir Finados, mas sim Defuntos, porque eles não se "finalizaram" mas sim porque, tal como o latim dizia defunctu, eles apenas dormem, até à Ressurreição Final!

Com algumas semanas de atraso...
O Nosso Querido Avô partiu para o Pai fez 3 anos no passado dia 30 de Novembro, naquela vigília da Restauração da Independência de 2006, ainda recordo o telefonema da minha Mãezinha, "...já está, agora foi...", e eu ao volante na Av. Cidade do Porto, nas vistas do Aeroporto, a caminho do Centro de Saúde, 3 semanas depois da minha intervenção cirúrgica e 4 depois de Londres, eu e a minha HL, tínhamos estado naquele frio londrino ao mesmo tempo tão lindo e tão cortante, tão barroco e tão azul claro, num outono de dias de céu limpo, raros em Londres. Tinha estado com ele 2 vezes mais, enquanto decorreram aqueles últimos 15 dias de hospital, até naquele tempo, a mesma suavidade, a mesma temperança, a mesma vivência de quem sempre esteve no mundo mas partilhava na terra dos vivos, daquela comunhão já com os santos.
Meu Querido Avô! Solteiro 30 anos, casado 26 anos e viúvo 40 anos. A minha Avó tinha partido já há muito, exactamente 9 meses certos antes do neto primogénito nascer. Cresci sempre convivendo com aquele respeito, carinho e amor, de quem escrevia cartas à esposa que estava já longe e sempre tão perto.
Passeámos pelo Portugal de ontem e de hoje, o Avô gostava muito de andar de comboio, Coimbra, Leiria, Amarante, Vila Real, Chaves, Bragança, Monção, Valença, Braga, Porto, a sua Guarda (onde apenas nasceu e pouco mais) e a sua Viseu (onde saiu aos 8 anos), com ele conheci as, agora extintas, linhas de Caminho de Ferro da CP. Mesmo todas, mesmo quando ele fez questão de fazermos a linha do Tua e a linha do Sábor, ou a do Dão, quando já todos só andavam de rodovia.
As recordações dos pais dele, as viagens do Bisavô a Biarritz, o nascimento do irmão em Lourdes, as estadias do pai em Geneve, Basel , Zurich. As histórias de Porto Alegre e do Rio Grande do Sul do trisavô. Fez sempre questão que nos orgulhássemos que o Bisavô era brasileiro, nascido em Porto Alegre e que o meu Avô, até adulto, teve dupla nacionalidade, apesar de egitano, apenas o foi porque os Bisavós lá estavam de passagem, o Avô dizia que era da Guarda mas lembranças só tinha de Ranhados (Viseu) e, mais tarde, do comboio e do fumo quando mudaram em Santa Comba Dão para a linha da Beira Alta, direitos a Lisboa. Depois Lisboa e sempre Lisboa, tenho no meu sangue 4 gerações alfacinhas porque a minha Avó nasceu em Lisboa e a minha Bisavó também (respectivamente, mulher e mãe do meu querido Avôzinho).
A MM nunca conheceu o Bisavô mas o FJ sim, o Avô quando soube que era Bisavô ficou radiante, depois dos 4 netos e 2 netas, 1 menino! Os olhos do FJ (e mais tarde os da MM) vieram da cor do mar, os do Avô sempre foram dum lindo enlace entre o mar e os fortes verdes prados.

No passado sábado 5 de Dezembro os seus filhos, nora, genro, netos, esposas dos netos, bisneto e bisneta, juntamo-nos na Missa de memória pelo 3º aniversário da sua passagem e depois partilhamos momentos alegres na casa de meus pais.
Podía-se considerar que o Avô quando enviuvou era um homem ainda cheio de vida e de genica, transferiu depois para os netos, a sua alegria. Os meus primos viveram sempre com ele, tiveram essa alegria, mesmo depois de casar ou de saírem para os seus sonhos, o Avô nunca parava, gostava de estar com os filhos e os netos e, claro, com os irmãos, foi-se despedindo dos irmãos, que partiram antes dele, até as 2 irmãs mais novas. O meu único tio materno viveu 60 anos sempre com o pai, com o meu Avô, é difícil imaginar o que se sente numa circunstância dessas.

Porque falo do meu Avô no Deo Gratias? Porque o Avô já antes era um católico praticante e militante mas, depois de viúvo, eram os filhos e os netos e a Sancta Mater Ecclesia Una Catolica et Appostolica. Recordo sempre o seu apostolado, em que pela mão do Avô, caminhávamos entre barracas do nosso subúrbio norte da fronteira da Capital do Império, o Avô era vicentino, vivia a caridade evangélica entre pessoas que viviam na miséria, no abandono, entre os deserdados, eu menino, com ele saía da Igreja de mão dada e, conjuntamente com outro irmão vicentino como o Avô, íamos os 3 por aqueles desertos de vida, nunca me senti mal nem chocado, o Avô transformava aos olhos de um menino, o que seria a miséria, na alegria das pequenas coisas. O sentir-se pessoa, que os irmãos visitados sentiam, ao serem apoiados pela Conferência de São Vicente de Paulo da Paróquia, permitiam durante alguns momentos àqueles rostos do Cristo sofredor, entrever a luz, a luz de Nosso Senhor Jesus Cristo. Nunca fui capaz de sequer me atrever a chegar aos píncaros daquela fé inabalável que o Avô tinha. O Avô era o companheiro também de passeios pastorais, as 2 primeiras ordenações sacerdotais a que assisti foram com o Avô, a do Padre Duarte em Tomar e a do Padre Adelino em Bragança.

O Avô era o guia da Capital do Império, não havia estátua ou monumento que não me soubesse explicar lá, foi também com o Avô que entrei pela única vez na Sala da Biblioteca da Universidade da Lusa Atenas. O Avô respeitava e amava igualmente o Porto, tinha lá ido passear com a Avó e sabia as ruas todas da baixa portuense. Foi com o Avô que visitei pela primeira vez o "Portugal dos Pequenitos" em Coimbra (nem por acaso, voltei lá muito recentemente com a HL e os meninos) naquele antigo Portugal do Minho a Timor. O Avô era o companheiro ideal do genro - o meu pai - na Semana Santa da Arquidiocese Primaz de Braga. O Avô era o alegre e muito útil sempre presente para a nora - a minha tia, que os companheiros campistas diziam sempre ser ela, a filha, e não o meu tio, o filho do Avô, tal era sempre a vivência de filha que teve para com ele.

O Avô era a alegria das férias no Algarve com os meus Pais e Irmã, o Avô era o adoptar duma aldeia do concelho do Sardoal - São Simão - como se ele próprio também fosse de lá - era a aldeia do sogro no concelho da sogra, de onde saíram os que deram o ser à querida esposa (a minha Avó partiu tão cedo, que o pai dela - meu bisavô - ainda era vivo quando isso aconteceu). Lembro-me do calor de São Simão no verão e lembro-me do Avô lá ir buscar a azeitona ou o azeite no mês fatídico de Novembro. Em São Simão vivi o Portugal profundo e a alegria de saber o que era ter muitos tios e tias bisavós, além de toda a aldeia ser dos primos. Isso não significa que o Avô achasse aquela vida um "mar de rosas", lembro-me bem da chegada da luz e da água a São Simão, a vida lá era muito dura e nós, 100% citadinos, só lá estávamos de férias.

O Avô era o partilhar com os jovens do Pai Américo e de Ruílhe, o Avô era o contribuir para os bombeiros da nossa terra, o Avô era o saber jogar futebol que corre nas veias dos meus queridos primos e o assistir aos clubes da nossa terra. Pagou quotas até à sua passagem.

E agora para o Deo Gratias: Uma exclamação de dúvida que nunca percebi. Lembram-se do filme "As sandálias do Pescador" que os falsos progressistas sempre gostam? Particularmente daquela parte final em que o Santo Padre decide vender todos os "tesouros materiais" da Santa Sé para ajudar os pobres? (Mais uma das erradas fases aggiornamentistas). O Avô um dia disse-me: "Não gosto desse filme", disse-me mesmo que não gostava. Eu não percebi, depois esclareceu-me, "eu não concordo com essa mensagem final". - Pois é, não é esse o tesouro que a Igreja pode alienar nem é essa a forma de resolver a pobreza espiritual e material das almas, ou seja, o Avô apenas disse na sua forma subtil metafórica e sem mácula que nenhum Santo Padre pode alienar a Sagrada Tradição.

Querido Avô, no dia de Santa Luzia, 13 de Dezembro, completaste 100 anos de Nascimento. Parabéns! Tu estás connosco, quando caminhamos, quando lutamos, quando nos cansamos, quando nos alegramos, quando trabalhamos, quando oramos.

In paradisum deducant te Angeli:
in tuo adventu suscipiant te Martyres,
et perducant te in civitatem sanctam Jerusalem.
Chorus Angelorum te suscipiat,
et cum Lazaro quondam paupere aeternam habeas requiem.


Pie Jesu Domine, dona eis requiem.
Dona eis requiem sempiternam.