quinta-feira, 30 de junho de 2011

Laus Perene pelas Vocações de Especial Consagração Religiosa

Hoje estamos em LAUS PERENE pelas Vocações de Especial Consagração Religiosa desde as 10H de 30/06/2011 até às 10H de 01/07/2011 na Paróquia de Nossa Senhora dos Navegantes do Parque das Nações do Patriarcado de Lisboa

Tantum ergo sacramentum
Veneremur cernui:
Et antiquum documentum
Novo cedat ritui:
Praestet fides supplementum
Sensuum defectui.

Genitori, genitoque
Laus et iubilatio,
Salus, honor virtus quoque
Sit et benedictio:
Procedenti ab utroque
Compar sit laudatio.

Pange Lingua Gloriosi Corporis Mysterium, St Thomas Aquinas (1225–1274)

Deus, qui nobis sub sacramento mirabili, passionis tuae memoriam reliquisti: tribue, quaesumus, ita nos corporis et sanguinis tui sacra mysteria venerari, ut redemptionis tuae fructum in nobis iugiter sentiamus. Qui vivis et regnas in saecula saeculorum.



Dear Jesus, help me to spread Your fragrance wherever I go.
Flood my soul with Your spirit and life.
Penetrate and possess my whole being so utterly, that my life may only be a radiance of Yours.
Shine through me, and be so in me that every soul I come in contact with may feel Your presence in my soul.
Let them look up and see no longer me, but only Jesus!
Stay with me and then I shall begin to shine as You shine, so to shine as to be a light to others.
The light, O Jesus, will be all from You; none of it will be mine.
It will be you, shining on others through me.
Let me thus praise You the way You love best, by shining on those around me.
Let me preach You without preaching, not by words but by my example, by the catching force of the sympathetic influence of what I do,
the evident fullness of the love my heart bears to You.

Amen.

Blessed Cardinal John Henry Newman (1801-1890)



Via de Amor, és tu Jesus:
O Pão do Céu, que nos transforma em Ti.

Não, não estamos sós sobre esta terra;
Pois tu ficaste entre nós, para nos saciar.
És pão da vida, inflamas com o teu amor, toda a humanidade.

Sim, temos o Céu sobre esta Terra;
Pois Tu ficaste entre nós, mas nos levas contigo.
Para a tua casa, onde viveremos junto a Ti, toda a eternidade.

Não, a sombra da morte não nos traz medo:
Pois Tu ficaste entre nós. E quem vive de Ti
vive p’ra sempre. És Deus connosco, És Deus p’ra nós,
És Deus no meio de nós!




Meu Deus, eu creio, adoro, espero e amo-Vos.
Peço Vos perdão pelos que não crêem, não adoram, não esperam e não Vos amam.


Benedictus Deus.
Benedictum Nomen Sanctum eius.
Benedictus Jesus Christus, verus Deus et verus homo.
Benedictum Nomen Jesu.
Benedictum Cor eius sacratissimum.
Benedictus Sanguis eius pretiosissimus.
Benedictus Jesus in sanctissimo altaris Sacramento.
Benedictus Sanctus Spiritus, Paraclitus.
Benedicta excelsa Mater Dei, Maria sanctissima.
Benedicta sancta eius et immaculata Conceptio.
Benedicta eius gloriosa Assumptio.
Benedictum nomen Mariae, Virginis et Matris.
Benedictus sanctus Ioseph, eius castissimus Sponsus.
Benedictus Deus in Angelis suis, et in Sanctis suis.
Amen.

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Festa de São Pedro e São Paulo

Hoje, dia de São Pedro e de São Paulo louvemos ao Senhor por todos os Bons e Santos Sacerdotes que tocaram a nossa vida! Demos Graças ao Senhor e agradeçamos pelas suas vidas, a sua dedicação, a sua amizade, a sua disponibilidade, o serem aquilo que são e que recordamos para sempre.

Este ano ocorre também neste dia, algo de que até há um pequeno filme (com uma música celestial apesar de anacrónica com as imagens):

http://www.youtube.com/watch?v=UKlkhUcEm1U

Há 60 anos, 40 jovens diáconos eram ordenados Padres em Freising / Munique, 2 deles eram os irmãos Ratzinger.

No dia 29 de junho de 1951, festa dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo, Joseph Ratzinger, juntamente com o seu irmão mais velho, Georg, e outros 38 candidatos, receberam a ordenação sacerdotal. Estava um esplêndido dia de verão, a cerimónia teve lugar na catedral de Freising, na Alemanha. Presidiu-a o Cardeal Faulhaber, opositor do nazismo e autor do primeiro esboço da encíclica de Pio XI Mit Brennender Sorge, que, em Março de 1937, tinha condenado as teorias de Hitler.
Quando chegou a vez do jovem (com 24 anos) Joseph Ratzinger se ajoelhar diante do velho purpurado Cardeal Arcebispo de Munique e Freising (era-o há 34 anos!), aconteceu algo. “Não se deve ser supersticioso – escreverá Ratzinger na sua autobiografia – mas no momento em que o ancião arcebispo impôs as mãos sobre mim, um passarinho, talvez uma andorinha, voou sobre o altar mor da catedral e entoou um breve e alegre canto; para mim foi como se uma voz do alto me dissesse: está bem assim, estás no caminho certo”.

Oremus pro Pontifice nostro Benedicto Dominus conservet eum et vivificet eum. Et pro sacerdotalis vocaciones.

Petrus

terça-feira, 28 de junho de 2011

O Novo Governo Português e a Renovação Patriarcal

No passado dia 05/06/2011 os portugueses responderam nas urnas ao desgoverno dos últimos 6 anos e desejaram mudar para uma nova maioria que gerasse um governo de coligação entre o PPD/PSD e o CDS/PP.

Apesar de muitas vezes não ter estado de acordo com as posições políticas oficiais do partido vencedor e, também muitas vezes, desta vez, ter estado de acordo, com as votações do partido minoritário da nova coligação (mas não em todas), sinto uma nova lufada de ar fresco no país, com a nova oportunidade que é dada a uma nova geração para poder fazer política.

A posse hoje dos Secretários de Estado foi uma prova disso. Há de facto pessoas de boa formação intelectual e técnica, pode faltar a experiência, mas a memória dos portugueses é curta e não se recordam da idade dos integrantes dos desgovernos que já tivemos. Esperemos que os cristãos empenhados - alguns deles são-o - façam a diferença e permitam uma política de humanismo cristão em tempo de crise económica e principalmente de valores.

Há que dar o benefício da dúvida a este Governo. A rapidez com que o mesmo foi empossado e as negociações no silencio que decorreram, sem fugas de informação para a comunicação social (aliás que bem se enganou nas suas previsões, designadamente a chamada "imprensa de referência" e os "comentadores de referência" do regime), permitem-nos desejar que o Espírito Santo ilumine aqueles corações empedernidos e que se possa fazer um pouco de luz nos próximos tempos.

As 2 últimas legislaturas foram das mais arrogantes e atentatórias para a saúde física e mental dos portugueses, embrutecidos pelas telenovelas, pelo enriquecimento fácil de alguns e pela ausência de prática religiosa militante, pela revolução dos costumes empurrada por minorias com acesso completamente despropositado à comunicação social e aos centros de poder, que conseguiram ir fazendo aprovar leis iníquas, grassou a incompetência e cresceu o desemprego e pior, houve alturas de profundo sentimento de mal estar social e de percepção que não existia rumo para o País.

No Patriarcado de Lisboa recebemos a notícia, no Dia da Igreja Diocesana, no passado Domingo da Santíssima Trindade, que Sua Eminência o Sr. Cardeal Patriarca de Lisboa ficará, pelo menos, mais 2 anos, até aos 77 anos, como Bispo Diocesano da Capital. Estes 2 anos serão decerto anos de continuação de algumas reformas que se desejam no Patriarcado e, de levantamento de (raras) proibições em contraste com o Magistério da Universal Igreja Una, Santa, Católica e Apostólica, designadamente (não nos esquecemos) da continuação da proibição da celebração aos Domingos e Dias Santos de Guarda, na forma extraordinária, de acordo com o Motu Proprio Summorum Pontificum, publicado em 07/07/2007 (pois é, já faz 4 anos!).

Oremos e louvemos a Deus Nosso Senhor pelo Nosso Pastor Diocesano e que oriente, à luz do Evangelho e da Sagrada Tradição, o Povo de Deus do Patriarcado de Lisboa, nas suas fraquezas, desilusões e provações, espirituais e materiais e também nas suas alegrias e momentos de Graça.

Petrus

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Beata Maria Clara do Menino Jesus

Num contexto histórico de perseguição ao catolicismo português surge Libânia do Carmo Galvão Mexia de Moura Teles e Albuquerque, filha de ilustre família legitimista que fica orfã, segundo a Irmã Adelina Alves, “no dia em que ela nasceu, parece que uma nova manhã raiou e o sol resplandeceu com mais intensidade e luz. A própria natureza se fez canção de parabéns à vida!”.

Em 1843 vivia-se ainda a feroz perseguição às congregações religiosas pelo que, em 1869 quando recebe o hábito de capuchinha, foi para Calais - França - e professou com 28 anos, voltando a Portugal 15 dias depois.

De forma impressionante, a sua força de vontade e o apoio do Pe. Raimundo dos Anjos Beirão, permitiu 5 anos depois abrir grande número de casas para acolher pobres e necessitados, hospitais, casas de saúde, centros educacionais, em Portugal, Angola, Goa, Guiné e Cabo Verde.

Hoje as Irmãs Franciscanas Hospitaleiras da Imaculada Conceição estão em 14 países, de Timor ao Brasil, dos Estados Unidos às Filipinas, da África do Sul ao norte de Espanha.

O seu Carisma: "Hospitalidade é beber a cada instante na Fonte de todo o Bem, para poder levá-lO onde houver algum bem a fazer."

Beata Madre Clara ora pro nobis.

Amanhã Estádio do Restelo 11h Beatificação Mãe Clara

“Falem mais para os olhos do que para os ouvidos!”

Esta sábia indicação da madre Maria Clara às suas religiosas, pedindo-lhes que preferissem o testemunho ao discurso, não pode ser mais actual.

Primeiro, porque amanhã mesmo esta portuguesa será apontada como modelo para todos nós e, como raramente temos novos santos e beatos portugueses, é bom tomar a sério os seus conselhos.

Em segundo lugar, porque no actual contexto de campanha eleitoral, em que nos tentam convencer com discursos e bombardeiam os nossos ouvidos com promessas e argumentações, é bom tomar a sério o conselho da nova beata portuguesa.

Porque nem todos são testemunhas daquilo que apregoam.

Aura Miguel

domingo, 1 de maio de 2011

Homilia Missa Beatificação S.S. João Paulo II

HOMILIA DO PAPA BENTO XVI

Átrio da Basílica Vaticana
Domingo, 1° de Maio de 2011



Amados irmãos e irmãs,

Passaram já seis anos desde o dia em que nos encontrávamos nesta Praça para celebrar o funeral do Papa João Paulo II. Então, se a tristeza pela sua perda era profunda, maior ainda se revelava a sensação de que uma graça imensa envolvia Roma e o mundo inteiro: graça esta, que era como que o fruto da vida inteira do meu amado Predecessor, especialmente do seu testemunho no sofrimento. Já naquele dia sentíamos pairar o perfume da sua santidade, tendo o Povo de Deus manifestado de muitas maneiras a sua veneração por ele. Por isso, quis que a sua Causa de Beatificação pudesse, no devido respeito pelas normas da Igreja, prosseguir com discreta celeridade. E o dia esperado chegou! Chegou depressa, porque assim aprouve ao Senhor: João Paulo II é Beato!

Desejo dirigir a minha cordial saudação a todos vós que, nesta circunstância feliz, vos reunistes, tão numerosos, aqui em Roma vindos de todos os cantos do mundo: cardeais, patriarcas das Igrejas Católicas Orientais, irmãos no episcopado e no sacerdócio, delegações oficiais, embaixadores e autoridades, pessoas consagradas e fiéis leigos; esta minha saudação estende-se também a quantos estão unidos connosco através do rádio e da televisão.

Estamos no segundo domingo de Páscoa, que o Beato João Paulo II quis intitular Domingo da Divina Misericórdia. Por isso, se escolheu esta data para a presente celebração, porque o meu Predecessor, por um desígnio providencial, entregou o seu espírito a Deus justamente ao anoitecer da vigília de tal ocorrência. Além disso, hoje tem início o mês de Maio, o mês de Maria; e neste dia celebra-se também a memória de São José operário. Todos estes elementos concorrem para enriquecer a nossa oração; servem-nos de ajuda, a nós que ainda peregrinamos no tempo e no espaço; no Céu, a festa entre os Anjos e os Santos é muito diferente! E todavia Deus é um só, e um só é Cristo Senhor que, como uma ponte, une a terra e o Céu, e neste momento sentimo-lo muito perto, sentimo-nos quase participantes da liturgia celeste.

«Felizes os que acreditam sem terem visto» (Jo 20, 29). No Evangelho de hoje, Jesus pronuncia esta bem-aventurança: a bem-aventurança da fé. Ela chama de modo particular a nossa atenção, porque estamos reunidos justamente para celebrar uma Beatificação e, mais ainda, porque o Beato hoje proclamado é um Papa, um Sucessor de Pedro, chamado a confirmar os irmãos na fé. João Paulo II é Beato pela sua forte e generosa fé apostólica. E isto traz imediatamente à memória outra bem-aventurança: «Feliz de ti, Simão, filho de Jonas, porque não foram a carne e o sangue que to revelaram, mas sim meu Pai que está nos Céus» (Mt 16, 17). O que é que o Pai celeste revelou a Simão? Que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus vivo. Por esta fé, Simão se torna «Pedro», rocha sobre a qual Jesus pode edificar a sua Igreja. A bem-aventurança eterna de João Paulo II, que a Igreja tem a alegria de proclamar hoje, está inteiramente contida nestas palavras de Cristo: «Feliz de ti, Simão» e «felizes os que acreditam sem terem visto». É a bem-aventurança da fé, cujo dom também João Paulo II recebeu de Deus Pai para a edificação da Igreja de Cristo.

Entretanto perpassa pelo nosso pensamento mais uma bem-aventurança que, no Evangelho, precede todas as outras. É a bem-aventurança da Virgem Maria, a Mãe do Redentor. A Ela, que acabava de conceber Jesus no seu ventre, diz Santa Isabel: «Bem-aventurada aquela que acreditou no cumprimento de tudo quanto lhe foi dito da parte do Senhor» (Lc 1, 45). A bem-aventurança da fé tem o seu modelo em Maria, pelo que a todos nos enche de alegria o facto de a beatificação de João Paulo II ter lugar no primeiro dia deste mês mariano, sob o olhar materno d’Aquela que, com a sua fé, sustentou a fé dos Apóstolos e não cessa de sustentar a fé dos seus sucessores, especialmente de quantos são chamados a sentar-se na cátedra de Pedro. Nas narrações da ressurreição de Cristo, Maria não aparece, mas a sua presença pressente-se em toda a parte: é a Mãe, a quem Jesus confiou cada um dos discípulos e toda a comunidade. De forma particular, notamos que a presença real e materna de Maria aparece assinalada por São João e São Lucas nos contextos que precedem tanto o Evangelho como a primeira Leitura de hoje: na narração da morte de Jesus, onde Maria aparece aos pés da Cruz (Jo 19, 25); e, no começo dos Actos dos Apóstolos, que a apresentam no meio dos discípulos reunidos em oração no Cenáculo (Act 1, 14).

Também a segunda Leitura de hoje nos fala da fé, e é justamente São Pedro que escreve, cheio de entusiasmo espiritual, indicando aos recém-baptizados as razões da sua esperança e da sua alegria. Apraz-me observar que nesta passagem, situada na parte inicial da sua Primeira Carta, Pedro exprime-se não no modo exortativo, mas indicativo. De facto, escreve: «Isto vos enche de alegria»; e acrescenta: «Vós amais Jesus Cristo sem O terdes conhecido, e, como n’Ele acreditais sem O verdes ainda, estais cheios de alegria indescritível e plena de glória, por irdes alcançar o fim da vossa fé: a salvação das vossas almas» (1 Ped 1, 6.8-9). Está tudo no indicativo, porque existe uma nova realidade, gerada pela ressurreição de Cristo, uma realidade que nos é acessível pela fé. «Esta é uma obra admirável – diz o Salmo (118, 23) – que o Senhor realizou aos nossos olhos», os olhos da fé.

Queridos irmãos e irmãs, hoje diante dos nossos olhos brilha, na plena luz de Cristo ressuscitado, a amada e venerada figura de João Paulo II. Hoje, o seu nome junta-se à série dos Santos e Beatos que ele mesmo proclamou durante os seus quase 27 anos de pontificado, lembrando com vigor a vocação universal à medida alta da vida cristã, à santidade, como afirma a Constituição conciliar Lumem gentium sobre a Igreja. Os membros do Povo de Deus – bispos, sacerdotes, diáconos, fiéis leigos, religiosos e religiosas – todos nós estamos a caminho da Pátria celeste, tendo-nos precedido a Virgem Maria, associada de modo singular e perfeito ao mistério de Cristo e da Igreja. Karol Wojtyła, primeiro como Bispo Auxiliar e depois como Arcebispo de Cracóvia, participou no Concílio Vaticano II e bem sabia que dedicar a Maria o último capítulo da Constituição sobre a Igreja significava colocar a Mãe do Redentor como imagem e modelo de santidade para todo o cristão e para a Igreja inteira. Foi esta visão teológica que o Beato João Paulo II descobriu na sua juventude, tendo-a depois conservado e aprofundado durante toda a vida; uma visão, que se resume no ícone bíblico de Cristo crucificado com Maria ao pé da Cruz. Um ícone que se encontra no Evangelho de João (19, 25-27) e está sintetizado nas armas episcopais e, depois, papais de Karol Wojtyła: uma cruz de ouro, um «M» na parte inferior direita e o lema «Totus tuus», que corresponde à conhecida frase de São Luís Maria Grignion de Monfort, na qual Karol Wojtyła encontrou um princípio fundamental para a sua vida: «Totus tuus ego sum et omnia mea tua sunt. Accipio Te in mea omnia. Praebe mihi cor tuum, Maria – Sou todo vosso e tudo o que possuo é vosso. Tomo-vos como toda a minha riqueza. Dai-me o vosso coração, ó Maria» (Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem, n. 266).

No seu Testamento, o novo Beato deixou escrito: «Quando, no dia 16 de Outubro de 1978, o conclave dos cardeais escolheu João Paulo II, o Card. Stefan Wyszyński, Primaz da Polónia, disse-me: “A missão do novo Papa será a de introduzir a Igreja no Terceiro Milénio”». E acrescenta: «Desejo mais uma vez agradecer ao Espírito Santo pelo grande dom do Concílio Vaticano II, do qual me sinto devedor, juntamente com toda a Igreja e sobretudo o episcopado. Estou convencido de que será concedido ainda por muito tempo, às sucessivas gerações, haurir das riquezas que este Concílio do século XX nos prodigalizou. Como Bispo que participou no evento conciliar, desde o primeiro ao último dia, desejo confiar este grande património a todos aqueles que são, e serão, chamados a realizá-lo. Pela minha parte, agradeço ao Pastor eterno que me permitiu servir esta grandíssima causa ao longo de todos os anos do meu pontificado». E qual é esta causa? É a mesma que João Paulo II enunciou na sua primeira Missa solene, na Praça de São Pedro, com estas palavras memoráveis: «Não tenhais medo! Abri, melhor, escancarai as portas a Cristo!». Aquilo que o Papa recém-eleito pedia a todos, começou, ele mesmo, a fazê-lo: abriu a Cristo a sociedade, a cultura, os sistemas políticos e económicos, invertendo, com a força de um gigante – força que lhe vinha de Deus –, uma tendência que parecia irreversível. Com o seu testemunho de fé, de amor e de coragem apostólica, acompanhado por uma grande sensibilidade humana, este filho exemplar da Nação Polaca ajudou os cristãos de todo o mundo a não ter medo de se dizerem cristãos, de pertencerem à Igreja, de falarem do Evangelho. Numa palavra, ajudou-nos a não ter medo da verdade, porque a verdade é garantia de liberdade. Sintetizando ainda mais: deu-nos novamente a força de crer em Cristo, porque Cristo é o Redentor do homem – Redemptor hominis: foi este o tema da sua primeira Encíclica e o fio condutor de todas as outras.

Karol Wojtyła subiu ao sólio de Pedro trazendo consigo a sua reflexão profunda sobre a confrontação entre o marxismo e o cristianismo, centrada no homem. A sua mensagem foi esta: o homem é o caminho da Igreja, e Cristo é o caminho do homem. Com esta mensagem, que é a grande herança do Concílio Vaticano II e do seu «timoneiro» – o Servo de Deus Papa Paulo VI –, João Paulo II foi o guia do Povo de Deus ao cruzar o limiar do Terceiro Milénio, que ele pôde, justamente graças a Cristo, chamar «limiar da esperança». Na verdade, através do longo caminho de preparação para o Grande Jubileu, ele conferiu ao cristianismo uma renovada orientação para o futuro, o futuro de Deus, que é transcendente relativamente à história, mas incide na história. Aquela carga de esperança que de certo modo fora cedida ao marxismo e à ideologia do progresso, João Paulo II legitimamente reivindicou-a para o cristianismo, restituindo-lhe a fisionomia autêntica da esperança, que se deve viver na história com um espírito de «advento», numa existência pessoal e comunitária orientada para Cristo, plenitude do homem e realização das suas expectativas de justiça e de paz.

Por fim, quero agradecer a Deus também a experiência de colaboração pessoal que me concedeu ter longamente com o Beato Papa João Paulo II. Se antes já tinha tido possibilidades de o conhecer e estimar, desde 1982, quando me chamou a Roma como Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, pude durante 23 anos permanecer junto dele crescendo sempre mais a minha veneração pela sua pessoa. O meu serviço foi sustentado pela sua profundidade espiritual, pela riqueza das suas intuições. Sempre me impressionou e edificou o exemplo da sua oração: entranhava-se no encontro com Deus, inclusive no meio das mais variadas incumbências do seu ministério. E, depois, impressionou-me o seu testemunho no sofrimento: pouco a pouco o Senhor foi-o despojando de tudo, mas permaneceu sempre uma «rocha», como Cristo o quis. A sua humildade profunda, enraizada na união íntima com Cristo, permitiu-lhe continuar a guiar a Igreja e a dar ao mundo uma mensagem ainda mais eloquente, justamente no período em que as forças físicas definhavam. Assim, realizou de maneira extraordinária a vocação de todo o sacerdote e bispo: tornar-se um só com aquele Jesus que diariamente recebe e oferece na Igreja.

Feliz és tu, amado Papa João Paulo II, porque acreditaste! Continua do Céu – nós te pedimos – a sustentar a fé do Povo de Deus. Muitas vezes, do Palácio, tu nos abençoaste nesta Praça! Hoje nós te pedimos: Santo Padre, abençoa-nos! Amen.

Beato João Paulo II

Louvemos o Senhor Aleluia!!!

Louvemos o Senhor neste 2º Domingo de Páscoa, neste Domingo da Divina Misericórdia!

Louvemos o Senhor nos Seus Anjos e nos Seus Santos!

Aleluia! O Venerável Servo de Deus Sua Santidade o Papa João Paulo II é Beato!!!

Beato João Paulo II rogai por nós!

Em unidade total com o Servo dos Servos de Deus Sua Santidade Bento XVI, louvemos e cantemos Aleluias neste Tempo Pascal, com Santa Maria Mãe de Deus e com o Beato João Paulo II!


Karol Józef Wojtyła, eleito Papa a 16 de Outubro de 1978, nasceu em Wadowice (Polónia), a 18 de Maio de 1920. Foi o segundo de dois filhos de Karol Wojtyła e de Emília Kaczorowska, que faleceu em 1929. O seu irmão mais velho, Edmund, médico, morre em 1932 e o seu pai, oficial do Exército, em 1941. Aos nove anos recebeu a Primeira Comunhão e aos dezoito o sacramento da Confirmação. Terminados os estudos na Escola Superior de Wadowice, inscreveu-se em 1938 na Universidade Jagellónica de Cracóvia. Depois de as forças ocupantes nazis encerrarem a Universidade em 1939, o jovem Karol trabalhou (1940-1944) numa mina e, posteriormente,
na fábrica química Solvay, para poder sustentar-se e evitar a deportação para a Alemanha.

A partir de 1942, sentindo-se chamado ao sacerdócio, frequentou o Curso de Formação do Seminário Maior clandestino de Cracóvia, dirigido pelo Arcebispo local, o Cardeal Adam Stefan Sapieha. Simultaneamente, foi um dos promotores do «Teatro Rapsódico», também este clandestino. Depois da guerra, continuou os estudos no Seminário Maior de Cracóvia, novamente aberto, e na Faculdade de Teologia da Universidade Jagellónica, até à sua ordenação sacerdotal em Cracóvia a 1 de Novembro de 1946. Depois foi enviado pelo Cardeal Sapieha a Roma, onde obteve o doutoramento em Teologia (1948), com uma tese sobre o conceito da fé nas obras de São João da Cruz. Naquele período – durante as suas férias – exerceu o ministério pastoral entre os emigrantes polacos na França, Bélgica e Holanda. Em 1948, regressou à Polónia e foi coadjutor, primeiro na paróquia de Niegowić, próxima de Cracóvia, e depois na de São Floriano, na própria cidade. Foi capelão universitário até 1951, quando retomou os seus estudos filosóficos e teológicos. Em 1953 apresentou na Universidade Católica de Lublin uma tese sobre a possibilidade de fundar uma ética cristã a partir do sistema ético de Max Scheler. Mais tarde, tornou-se professor de Teologia Moral e Ética no Seminário Maior de Cracóvia e na Faculdade de Teologia de Lublin.

Em 4 de Julho de 1958, o Papa Pio XII nomeou-o Bispo Auxiliar de Cracóvia e Titular de Ombi. Recebeu a ordenação episcopal em 28 de Setembro de 1958 na Catedral de Wawel (Cracóvia), das mãos do Arcebispo Eugeniusz Baziak.

A 13 de Janeiro de 1964 foi nomeado Arcebispo de Cracóvia pelo Papa Paulo VI, que o criou Cardeal a 26 de Junho de 1967. Participou no Concílio Vaticano II (1962-65), dando um contributo importante na elaboração da Constituição Gaudium et Spes. O Cardeal Wojtyła tomou também parte na V Assembleia do Sínodo dos Bispos anterior ao seu Pontificado.

Foi eleito Papa em 16 de Outubro de 1978 e, em 22 de Outubro, deu início ao seu ministério de Pastor Universal da Igreja. O Papa João Paulo II realizou 146 visitas pastorais em Itália e, como Bispo de Roma, visitou 317 das actuais 332 paróquias romanas. As viagens apostólicas pelo mundo – expressão da constante solicitude pastoral do Sucessor de Pedro por toda a Igreja – foram 104. Entre os seus principais documentos, contam-se 14 Encíclicas, 15 Exortações apostólicas, 11 Constituições Apostólicas e 45 Cartas Apostólicas. Ao Papa João Paulo II devem-se ainda 5 livros: «Atravessar o Limiar da Esperança» (Outubro de 1994); «Dom e Mistério: Nas minhas Bodas de Ouro Sacerdotais» (Novembro de 1996); «Tríptico Romano», meditações em forma de poesia (Março de 2003); «Levantai-vos! Vamos!» (Maio de 2004) e «Memória e Identidade» (Fevereiro de 2005). O Papa João Paulo II celebrou 147 ritos de Beatificação – nos quais proclamou 1338 Beatos – e 51 Canonizações, com um total de 482 Santos. Realizou 9 Consistórios, nos quais criou 231 Cardeais (+ 1 in pectore). Presidiu ainda a 6 Reuniões Plenárias do Colégio Cardinalício. Desde 1978, convocou 15 Assembleias do Sínodo dos Bispos: 6 gerais ordinárias (1980, 1983, 1987, 1990, 1994 e 2001), 1 assembleia-geral extraordinária (1985) e 8 assembleias especiais (1980, 1991, 1994, 1995, 1997, 1998 e 1999). A 13 de Maio de 1981, na Praça de São Pedro, sofreu um grave atentado. Perdoou ao autor do atentado. Salvo pela mão materna da Mãe de Deus, submeteu-se a uma longa recuperação. Convencido de ter recebido uma nova vida, intensificou os seus empenhos pastorais com heróica generosidade. A sua solicitude de Pastor manifestou-se, entre outras coisas, na erecção de numerosas dioceses e circunscrições eclesiásticas, na promulgação do Código de Direito Canónico Latino e das Igrejas Orientais, e na promulgação do Catecismo da Igreja Católica. Propôs ao Povo de Deus momentos de particular intensidade espiritual como o Ano da Redenção, o Ano Mariano e o Ano da Eucaristia, culminando no Grande Jubileu do Ano 2000. Foi ao encontro das novas gerações, com a celebração das Jornadas Mundiais da Juventude. Nenhum outro Papa encontrou tantas pessoas como João Paulo II: nas Audiências Gerais das Quartas-feiras (cerca de 1160) participaram mais de 17 milhões e 600 mil peregrinos, sem contar as outras Audiências especiais e as cerimónias religiosas (mais de 8 milhões de peregrinos apenas no decorrer do Grande Jubileu do Ano 2000) e os milhões de fiéis contactados durante as visitas pastorais em Itália e no mundo; numerosas também as personalidades de Governo recebidas em Audiência: basta recordar as 38 Visitas Oficiais e as restantes 78 Audiências ou Encontros com Chefes de Estado, como também as 246 Audiências e Encontros com Primeiros-Ministros.

Morreu em Roma, no Palácio Apostólico do Vaticano, às 21.37h de sábado 2 de Abril de 2005, vigília do Domingo in Albis e da Divina Misericórdia, por ele instituído. Os funerais solenes na Praça de São Pedro e a sepultura nas Grutas Vaticanas foram celebrados a 8 de Abril.

DEO GRATIAS!

Desde o primeiro momento que eu vi Sua Santidade, ainda pelos meus olhos de adolescente, com aquele cabelo palha flamejante, naquele dia de 1982, na actual Avenida das Comunidades Portuguesas, depois já adulto em 1991 no Estádio do Restelo e mais tarde em Fátima em 2000 quase iniciando outra etapa da minha vida, com a HL, senti sempre nele a presença do Senhor Ressuscitado e a alegria e o Espírito de promessa cumprida.

DEO GRATIAS!

Como Sua Santidade Bento XVI terminou a sua homilia de hoje, "Santo Padre Abençoa-nos, Amen!"